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Autocompaixão: o poder da bondade consigo mesmo

  • Foto do escritor: Zeno Sena
    Zeno Sena
  • 12 de abr.
  • 4 min de leitura



Você já reparou como costuma se tratar quando algo dá errado em sua vida? Muitas vezes, somos muito mais duros e críticos conosco do que seríamos com um amigo querido na mesma situação. Essa tendência de autocrítica pode diminuir nossa autoestima e abalar nosso bem-estar emocional. É aí que entra o conceito de autocompaixão: a capacidade de tratar a si mesmo com a mesma gentileza e compreensão que ofereceria a alguém que você ama. Em vez de se afogar em culpa ou vergonha diante de uma falha, a pessoa passa a se acolher e a encarar as dificuldades como oportunidades de aprendizado e crescimento.



Essa abordagem tem sido estudada e divulgada pela psicóloga Kristin Neff, pioneira no tema. Segundo Neff, a autocompaixão se sustenta em três pilares fundamentais: autobondade, humanidade compartilhada e mindfulness (atenção plena). A seguir, vamos entender cada um desses pilares, ver quais benefícios essa postura traz e descobrir em que a autocompaixão difere do conceito de autoestima.


Autobondade: gentileza consigo mesmo nos momentos difíceis


Desde pequenos aprendemos a ser gentis com os outros, mas nem sempre aprendemos a ser gentis conosco mesmos. A autobondade é o ato de oferecer a si próprio cuidado, conforto e compreensão, mesmo em momentos de fracasso, dor ou decepção. Em vez de nos xingarmos ou nos condenarmos por um erro, esse conceito propõe nos acolher com palavras de incentivo e perdão, como faríamos a um amigo que estivesse passando pelo mesmo. Significa reconhecer nossas dificuldades sem nos julgar com severidade, criando um ambiente interno acolhedor e encorajador.


Humanidade Compartilhada: você não está sozinho em suas imperfeições


Todos os seres humanos falham e enfrentam desafios ao longo da vida. O pilar da humanidade compartilhada nos lembra exatamente disso: não estamos sozinhos em nossas imperfeições. Errar, sentir insegurança ou passar por sofrimento faz parte da experiência humana. Quando reconhecemos que a dor e as falhas são experiências universais, evitamos cair na armadilha do isolamento, que é aquele pensamento de "só eu passo por isso". Em vez de nos sentirmos separados dos demais, desenvolvemos empatia por nós mesmos e pelos outros. Esse sentimento de conexão traz conforto. Entender que ser imperfeito é ser humano nos une, em vez de nos dividir, aliviando a carga de nossos problemas.


Mindfulness (Atenção Plena): presença e equilíbrio emocional


Para praticar a autocompaixão, também é preciso estar presente e consciente do que se sente. O termo mindfulness (ou atenção plena) refere-se à capacidade de reconhecer nossos pensamentos e emoções no momento em que ocorrem, com clareza e equilíbrio, sem os suprimir nem exagerá-los. Em vez de ignorar a dor ou transformá-la em um drama sem fim, buscamos adotar uma consciência gentil (observamos o que estamos sentindo e aceitamos a realidade do momento, sem julgamentos). Esse olhar atento e equilibrado evita que a gente se identifique completamente com o sofrimento (como se ele definisse quem somos) e, ao mesmo tempo, nos impede de varrer as emoções para debaixo do tapete. Assim, a atenção plena abre espaço para reagirmos de forma mais compassiva e racional diante das dificuldades, em vez de sermos dominados pelo desespero ou pela autopunição.


Benefícios psicológicos da autocompaixão


Não é só teoria, cultivar a autocompaixão traz efeitos positivos reais para a saúde mental. Diversos estudos em psicologia mostram benefícios importantes, entre eles:

  • Redução de emoções negativas: Pessoas autocompassivas tendem a experimentar menos ansiedade, depressão, estresse e menos sentimentos de raiva ou culpa.

  • Fortalecimento da autoconfiança: Ao se tratar com mais bondade, o indivíduo desenvolve uma autoestima mais saudável e estável, sentindo-se mais seguro de si mesmo.

  • Mais resiliência emocional: A autocompaixão aumenta a capacidade de enfrentar adversidades. Em vez de desistir ou se desesperar diante de falhas, a pessoa consegue se recuperar mais rapidamente e aprender com a situação.

  • Maior bem-estar e satisfação com a vida: Ao reduzir a autocrítica e promover sentimentos de valor pessoal, a autocompaixão melhora o humor, aumenta a satisfação com a vida e contribui para um equilíbrio emocional mais duradouro.


Importante: Autocompaixão e Autoestima, quais as diferenças


Durante muito tempo, acreditou-se que ter uma autoestima elevada era a chave do bem-estar. Claro, valorizar a si mesmo é importante. Porém, a autoestima "tradicional" frequentemente depende de condições externas ou internas, como ter sucesso, ser competente ou se sentir "especial" para que se sinta válida e “boa o suficiente”. O problema é que ninguém consegue ser asssim o tempo todo. Quando aparecem as críticas ou os fracassos, uma autoestima baseada apenas em desempenho pode despencar, abrindo espaço para insegurança, vergonha e sentimentos de inadequação.


A autocompaixão, por sua vez, oferece uma alternativa mais estável. Ela não depende de comparações ou de julgamentos de valor; você não precisa se achar melhor que ninguém para se tratar bem. Pelo contrário, é justamente nos momentos em que estamos por baixo que a autocompaixão se torna mais valiosa. Em vez de nosso senso de valor desabar diante de um erro ou derrota, conseguimos mantê-lo intacto ao nos tratarmos com gentileza e compreensão. Além disso, pesquisas mostram que a autocompaixão oferece muitos dos benefícios de uma autoestima alta (como mais confiança e otimismo), mas sem os efeitos negativos que às vezes acompanham uma autoestima exagerada (arrogância, necessidade constante de aprovação ou medo de falhar). Em resumo, enquanto a autoestima pede que nos sintamos melhores para ficarmos bem, a autocompaixão nos permite ficar bem mesmo quando as coisas não estão perfeitas.


Um convite à autocompaixão


Em suma, a autocompaixão nos ensina a cuidar do nosso mundo interno com a mesma gentileza que dedicamos às pessoas que amamos. Não se trata de ignorar os erros ou passar a mão na nossa cabeça indiscriminadamente, mas sim de adotar uma postura encorajadora consigo mesmo, como aprender com as falhas sem se maltratar por causa delas. Quando nos tratamos com compaixão, fortalecemos nossa saúde mental: ficamos mais preparados para os desafios, menos abalados pelas dificuldades e mais em paz com quem somos. Cultivar essa atitude é um poderoso ato de autocuidado e um caminho seguro para promover um bem-estar emocional duradouro. Ao dar a si mesmo o respeito e a compreensão que você merece, estará construindo uma base sólida de equilíbrio emocional para enfrentar os altos e baixos da vida com mais serenidade e coragem.



 
 
 

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"Juntos, transformamos desafios emocionais em caminhos para sua liberdade mental. Seu equilíbrio começa aqui."

NeuroEquilíbrio | Psiquiatria Especializada no Cuidado da Saúde Mental

© 2025 por Zeno Sena.

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